Lua:
(...)
- Um selinho só, um selinho assim bem pequenininho... - Arthur falou tentando mostrar com as mãos o tamanho do beijo, encostando um dedo no outro.
- Bem pequenininho? - Perguntei.
- Quer dizer, se você quiser pode ser grande tambem... Bem grandão!! Você que sabe...
Nós rimos, essas palhaçadas acabavam comigo... Ele franzia a testa de um jeito lindo que me fazia esquecer de todos os problemas. Não é que eu não queria beija-lo, pelo contrario, queria muito! Mais não queria mimá-lo demais, afinal, eu Lua Blanco que sempre fui forte a tudo não estava conseguindo resistir a um beijo? ... O problema é que não era só um beijo qualquer, era O Beijo e ainda por cima do meu Arthur! Fiquei com medo de se eu realizasse seu desejo agora ele não deixasse eu cuidar do seu machucado que estava sangrando muito e precisava de cuidados medicos. Tentei resistir o maximo possivel e me afastei dele devagar. Não sei nem da onde estava retirando forças para resistir a ele. Era quase impossivel. Alias, quase não... Eu estava começando a achar que era impossivel! Mais mesmo assim, consegui me afastar.
- Primeiro a gente sai daqui, vamos voltar para a estrada, tudo bem?! ... - Falei tentando mudar de assunto e desviar o foco.
- É claro que não esta tudo bem, né? Mais fazer o que... Não vou conseguir fazer essa teimosa mudar de ideia! - Falou irritado apontando para mim.
Ele olhou pra baixo e na hora percebi que estava bravo.
- Arthur... Não fica assim! Eu prometo que quando eu cuidar de você direitinho aí sim você ganha um beijinho meu...
- Um beijinho?!
- Tá bom... Um beijão!!
- Melhorou... Mais você promete?!
- Prometo, prometo, prometo! Agora vamos logo...
Puxei seu braço e nós começamos a atravessar aquele mato até chegar na estrada de terra. Andamos muito, durante mais ou menos umas 2 horas até chegar no asfalto onde o motorista do ônibus tinha nos deixado, onde tudo começou. Durante o caminho inteirinho (e o pior que foi inteirinho mesmo) Arthur foi me provocando e dizendo coisas do tipo "Eu te amo muito, sabia?", ou então dando indiretas do tipo "Por que fui me apaixonar por uma garota tão dificil?". Mais fui forte! Precisei ser muito forte para resistir. Quase perdi o controle quando ele começou a me chamar pelos apelidos. Benditos apelidos...
- Sabia que quando te chamo pelos apelidos é tudo verdade? Eu que inventei todos ... Quer ver?
- Ah.. Não, não Arthur!! Aí ja é golpe baixo!!
- Pra ganhar um beijo seu vale tudo, golpe baixo, alto, medio... Mais lá vai...
Aí meu pai... e agora? Pensei comigo mesma.
- O primeiro apelido é olhos lindos, você ja sabe o por que né? Inventei esse apelido lá no porão, quando começamos a namorar... Seus olhos são MUITO lindos, cheios de segredos, me levam pra longe... O que eu mais gosto é ficar olhando pra eles e viajando...
Meu coração batia acelerado. Comecei a lembrar de quando ele me deu esse apelido, logo apos nosso primeiro beijo... Ah não! Olha eu aí ja pensando nesse beijo viciante denovo!
- Ta bom, ja entendi, agora chega, né? - Falei para que acabasse com aquela tentação.
- Chega nada... Ainda falta os outros apelidos... Marrentinha, nem preciso falar o por que, as vezes eu reclamo do seu jeito mais é ele que me encanta, sabe? Você sempre vai ser minha marrentinha linda.
- Tá... Agora parou, né?
- Não... Tem um monte... Olha, ainda tem o Minha branquinha, eu inventei por causa dessa sua pele linda e branquinha, da vontade de marcar com varios beijos...
Ele se aproximou de mim, acariciando meu rosto. Ja não conseguia mais aguentar. Minhas forças para resistir ja tinham acabado.
- Quase estava me esquecendo de um que eu acabei de inventar... - Sussurrou no meu ouvido, me fazendo arrepiar.
- Qual? - Sussurrei de volta.
- Labios de Mel... Um beijo doce... E que eu quero agora...
Nossas bocas ja estavam para se tocar quando, para minha sorte, algo nos salvou... Quer dizer, me salvou. A estrada de asfalto que estavamos era muito movimentada, passava carros a toda hora, eu e ele estavamos no acostamento. Quando um caminhão passou e de dentro dele um homem lançou um asobiu bem forte e gritou um elogio para mim, aqueles elogios de pedreiro... Ai... Geralmente eu odiava caras assim, mais tive que agradecer por dentro, afinal, me fez voltar ao foco, que no momento era tentar resistir o maximo possivel a Arthur.
- O que ele disse?! - Falou Arthur irritado.
- Ele me chamou de linda e gosto...
- Não, eu sei o que ele disse, só não acredito!! - Me interrompeu.
- Você não acredita que eu sou linda?! E gosto...
- Lua! Não é isso.. Só não acredito que aquele cara idiota olhou pra você e disse isso!! - Me interrompeu novamente.
- Esquece Arthur...
- Esqueço nada!! ... Seu short esta muito curto! - Disse tirando a camisa. - Toma se cobre!!
- Arthur!! Para com essa crise de ciumes agora!! Coloca essa blusa de volta!!
- Lua!!
- Se você não colocar essa blusa de volta, você não ganha um beijo meu nunca mais!! - O ameacei.
- Nunca mais?! - Perguntou indiscrente.
- É!
- Ta bom.. Ta bom.. Ja coloquei.. Olha.. - Falou colocando a camisa de volta.
- Bom mesmo... Agora vamos que ainda tem muito o que andar...
- Mais eu não ganho nenhum beijinho por ter te obedecido?
Não aguentei e comecei a rir. Ele estava parecendo uma criança de 5 anos, quando quer um presente dos pais.
- Não... Agora não... Vamos....
O puxei novamente e começamos a andar. Durante o caminho, ganhei varios elogios de motoristas que passavam, ja estava enchendo o saco.. Mais tentava não ligar... Em alguns casos Arthur ficava com tanta raiva que pegava pedras da estrada para tacar nos carros. Eu o impidia é claro. Mais no fundo gostava de o ver com ciumes, demonstrava que ele realmente se importava comigo. Depois de muito andar, ja estava morta de cansaço.
- Arthur.. Vamos pedir carona a alguem... Algum caminhoneiro...
- De jeito nenhum! Não vamos pegar carona com esses caras que ficam te elogiando!
- Mais eu estou muito cansada!!
- Vem.. Eu te carrego no colo...
- Não!! Olha seu braço! .... É melhor eu trocar esse pano que tinha colocado... - Falei examinando seu pulso.
- E que pano a Doutora Lua vai colocar?
- Hum... Engraçadinho... Acho que vou usar a minha blusa...
- O que?! De jeito nenhum!! Ja não basta essas pernas de fora, agora vai ser a barriga tambem?!
- Arthur... - Falei com uma voz melosa de quem quer alguma coisa.
- Nada disso!! Vamos andando por que sinão não chegamos nunca...
Achei melhor deixar pra lá.. Não queria tirar a blusa ali no meio da estrada, só disse isso de brincadeira mesmo...
Depois de muito andar, durante mais de 4 horas mais ou menos e parar varias vezes para descançar, finalmente chegamos até o apartamento de Arthur.
- Você deve estar querendo comer alguma coisa, né? Vou preparar algo pra gente...
- Não, depois de cuidar do seu braço eu vou ligar pra minha mãe vir me buscar, ela achou esse tempo todo que eu estava no acampamento...
- Então deixa ela achar que você ainda esta lá!
- Como?
- Lua, fica aqui comigo!!
- Não! E seus pais...
- Eu moro sozinho... - Me interrompeu
- Mais Arthur...
- Ei! Você não tem mais desculpa...
- Não sei não...
- Lua... - Falou com carinha de bebê - ...Eu te amo, eu te amei o tempo todo e eu sinto sua falta porque estive afastado por muito tempo. Todas as noites eu sempre continuo sonhando que você estara comigo pra sempre e que você nunca ira embora... Paro de respirar se eu não te ver mais!!
Fiquei sem reação com aquelas palavras lindas que disse... Como ele sabia o refrão da minha musica favorita?!
Continua...
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